quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Resumo do estudo de 22/09

Deus parte I - Atributos divinos

O estudo foi baseado no capítulo 2 da Gênese, intitulado “Deus”. Focou-se principalmente o item sobre a natureza divina, no qual Kardec apresenta, com um tanto mais de profundidade do que havia feito no Livro dos Espíritos, os atributos de Deus. O homem, na argumentação de Kardec, ainda não pode penetrar na essência de Deus, por falta de um sentido próprio para isso, que só seria adquirível com a completa depuração do espírito. Ele pode, entretanto, “pelo raciocínio, chegar ao conhecimento de seus atributos essenciais, porquanto, vendo o que Ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que Ele deve ser”. (Gênese, Capítulo 2, Item 8).

Foram apresentadas as características mencionadas por Kardec, discutindo-se a respeito de cada uma se seria realmente um atributo divino, buscando-se explicar logicamente a relação necessária entre elas e Deus, num processo de reconstrução do raciocínio karedequiano.

Os atributos divinos apontados na Gênese e trazidos ao estudo, em ordem aleatória, foram: 1) suprema e soberana inteligência; 2) eterno; 3) imutável; 4) imaterial; 5) onipotente; 6) soberanamente justo e bom; 7) infinitamente perfeito; e 8) único. Alguns destes itens geraram mais debate, e até mesmo questionamentos, ao passo que outros foram encarados com mais naturalidade.

Chegamos à perfeição infinita de Deus através do pensamento de que é necessário que haja um Ser perfeito para criar tudo o que existe. Ao observarmos a Criação, com a harmonia complexa e inabalável de seus mecanismos, concluímos ser preciso uma Inteligência suprema e perfeita para concebê-la e ordená-la. A partir deste raciocínio, fomos derivando os demais atributos.

Pois se Deus é perfeito, deve obrigatoriamente ser também imutável. Afinal, se ele muda alguma característica para melhor, significa que antes não era perfeito; se muda para pior, deixou de ser perfeito. A perfeição não comporta mudanças, e como a matéria é mutável (pois se degrada e sofre transformações ao longo do tempo), segue-se que Deus deve ser completamente imaterial. Nesta mesma linha de pensamento, concluímos que Deus também deve ser eterno, pois uma inteligência suprema e perfeita não poderia ser criada por alguém (que seria então superior a esta inteligência), nem pode surgir do nada. Deve, então, sempre ter existido, e continuar a existir sempre.

Sendo perfeito, deve também ser o Bem supremo. Discutindo sobre a formulação “soberanamente justo e bom”, chegamos à conclusão de que nossas concepções de justiça e bondade são com freqüência opostas, porém em se tratando de Deus elas são uma e a mesma coisa. A justiça divina é plenamente boa e misericordiosa, e sua bondade é justa até a última conseqüência. Foi lembrado que estes conceitos se encontram igualmente relacionados na Lei de Justiça, Amor e Caridade (Livro dos Espíritos, Parte III, Capítulo XI).

Já a onipotência divina levantou algumas questões. Poderia Deus criar uma pedra tão pesada que Ele não a poderia sustentar? Deus pode contradizer Suas próprias leis? Ele está, então, limitado por elas? Após intenso debate, concluímos que Deus é onipotente para atuar na realidade, isto é, na Criação. Ele mesmo se encontra fora dela, não havendo sentido relacioná- lo com estas leis. Nem nós, por outro lado, podemos compreender o que se passa fora da realidade na qual vivemos.

Ao fato de considerarmos que Deus é único, objetou-se que Ele não seria contável, enumerável. A resposta à qual chegamos foi de que Deus não seria único no sentido de ser “um”, mas sim no sentido de “não ser dois”, isto é, de não haver contradições, conflitos, divergências em Deus. Tudo nele é harmonia é coerência, inexistindo mudança de idéias ou conflitos de vontades.

Com o objetivo de encadear este estudo com o seguinte, sobre Providência Divina, foram levados dois “atributos” divinos ausentes nas considerações de Kardec: onisciência e onipresença divinas. Principalmente a onisciência gerou questionamentos, por considerar-se que este conceito feriria o livre-arbítrio humano. Foi aventado que a onisciência se referiria a cada instante presente apenas, e não ao futuro. Maiores considerações, entretanto, foram relegadas ao próximo estudo. Não percam!

Estudo apresentado no NEU-Direito